Sejamos os parasitas!
Um show de horror e as palmas despencavam vazias. Foi uma homenagem ao retrocesso, ao mais venenoso e sombrio capítulo do passado humano. Uma reunião para apresentar ao mundo os psicobilionários: figuras deprimentes, tipos bizarros de grotesco calibre que reviram os olhos e fazem saudação nazista para voltar para casa com manchetes nos jornais e novos bilhões na conta. Nada foi acidental. Nada foi leviano. O picadeiro foi montado para impressionar e dizer que a era do capital, da meritocracia nunca esteve tão viva.
As criaturas até tentaram se beijar, mas um chapéu de alta costura roubou toda a cena, roubou até o próprio beijo. O amor não tinha espaço para as voltas do luto que dominava a vestimenta. O público era todo igual, sorrisos colados para evitar desmontes e derretimentos em meio ao excesso de absurdos e numa canetada, ele decidiu, do alto do seu trono de vento, que no país dele existirão apenas os homens e as mulheres. Nada mais. Das fronteiras, o muro é o de menos. Nasceu uma flor. Uma flor no meio da secura. Da aridez torrencial. Uma flor regada do choro. A chuva daqueles que precisarão desistir da entrada no território que eles historicamente sustentam nas costas.
As práticas, os símbolos, a retórica era toda conhecida. O terror não se renova, mas a História é pétrea. A História conta. Reconta, se preciso. Os livros não serão queimados. Não dessa vez. E se o medo foi o ingrediente, a arte será a revolução. A arte feita por pessoas de coração quente. Gente que sonha e não se entorpece com o cheiro inebriante dos montantes que regam diariamente as contas bancárias de ninguém. Não será fácil. Serão tempos difíceis. Sejamos os parasitas! Devorando o império desregulado deles, sejamos espertos. Sejamos eficazes em espalhar a crítica. Produziremos as bombas coloridas. Nossa pólvora será a palavra. Será o desenho. Será a música. O cinema. A arte de todas as nacionalidades e de nenhum sexo. A arte visceralmente humana.
Lucas Galati
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Muito bom!
Adorei
Me representa
Que texto maravilhoso! Conseguiu realmente expressar..as barbaridades que vimos...Parabéns!