Assopro Rita por aí!
pouco importa a viagem a altura a porta o que vale é o vento qualquer lugar todo tempo tendo sido sentido em nós: paisagens (FREDERICO BARBOSA) ◼◼◼
A semana não começou fácil. Perdi uma tia muito importante para mim e de uma maneira absolutamente inesperada. Aquele tipo de morte que parece que vem junto no pacote uma dose cavalar de violência, que não pede licença e abre todas as portas anunciando, de maneira incrédula e escandalosa, a pequenez do nosso destino. Uma morte que revolta, que demora para sossegar, que continua viva.
E, desta vez, não quis assustar as minhas lágrimas. Não quis diminuir o vácuo da minha tristeza, me desfiz nos abraços e falas contorcidas daqueles que também a tinham gigante. Rita era uma jornalista aos moldes antigos, daquelas que estão extintas nas redações passivas de hoje. Durante muitas festas em família, as nossas revoltas davam as mãos e incendiávamos o ambiente com copos de cerveja e constatações indignadas sobre os rumos do Brasil e de como a imprensa se engravatou, subiu na cadeira e, hoje, grita de medo tamanha a covardia em cutucar o que deve ser cutucado.
A casa de praia em Caraguatatuba, litoral de São Paulo, foi o palco tanto do meu primeiro beijo numa menina quanto, anos mais tarde, o reconhecimento de que estava enlouquecidamente apaixonado pelo meu melhor amigo — na época. Naqueles corredores de azulejo vermelho, eu teci, durante os tantos meses de julho, as lembranças mais lindas da minha adolescência e estruturei claramente o valor indizível de uma amizade.
Rita era agregadora. Uma característica rara. Extremamente difícil de ser encontrada. Era uma mulher que sempre soube brindar a vida e estampar o sorriso até quando o corpo exibia o cansaço. Não tinha tempo para perder e era na festa, nos encontros, entre os mais próximos que reconhecia o seu potencial e soltava uma particular risada explodida. Poucos sabem deixar a felicidade vazar. Rita sabia.
Deixo, nestas linhas, uma singela homenagem. Evidentemente, o legado permanece. O carinho se manterá aceso, o exemplo levo no bolso e as tantas memórias prometo espalhar até a minha última festa.
Lucas Galati
Ilustração: Chiara Ghigliazza
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que você encontre conforto nas boas lembranças de rita! 🙏
Meus sentimentos, Lucas! Que o tempo amenize a dor! 💖