✨PROCURA-SE
E foi na conclusão de um poema cuspido e repaginado três vezes de um livro nervoso:
(…) só eu sei
sumir de mim
em mim.
Não avanço por infâmia ou como justificativa necessária. Não abro parágrafos para ninguém, não aceito que eles sejam traduzidos como réplicas movediças. Eternizo em papel escrito o que explode, o que é fluxo, o que não deve se defender e muito menos se abreviar no esconderijo covarde da razão. Escrevo por reconhecida necessidade e prazeroso egoísmo. A solidão da escrita me cativa desde muito cedo e reforça o meu paulatino sombreado.
Por essas páginas virtuais, a questão já foi abraçada algumas vezes. Tenho facilidade em sumir. É como se define. Aprendi a precisar do recolhimento. Não somente pela minha dedicação aos verbos, mas como processo de escuta. Um inconsciente profícuo demais, fundo demais, violento demais que me obriga ao escuro como medicina. Aceitei a solidão que estica a minha pele e hoje me visto contente.
Os dias pesam nos ombros, ainda quando somos tantos. Desaparecer é também a volta, o retorno, a posição inicial. Sei distribuir sorrisos, mentir quando for urgente, só que preciso de três piscadas mais brutas e o olho vestir as extremidades inteiras do meu corpo esguio, me engolir da cabeça aos dedos do pés. Sou porque me vejo. Me vejo porque desapareço. Engolido de você. De mim. Quase todos os dias.
A família reclama. Os amigos que restaram não entendem. Os gatos ronronam. Na casa fechada, ainda eu me reconheço. A casa, onde eu continuo. Os espaços estruturam o meu imaginário sarapintado. Somos os resultados diretos da experiência vivida. Nenhuma entrada restrita. Logo, ressurge a escada tortuosa da casa da avó materna, o esconderijo no segundo andar e a goiabeira que explicava a gravidade no quase-sítio da madrinha, as ondas que dançavam areias numa praia feia de Itanhaém.
Essas memórias espreguiçadas, espaçosas me perseguem e me cobram. A vida tem se sufocado. Os espaços são menores, o tempo é cruel e curto. Nenhum suspiro. Nenhum descanso. Lá fora, o ar está rarefeito, resultado da última explosão solar. O meu nariz espirra sangue. Diminuímos de tamanho ao hastearmos logotipos. Passamos apressados pelas praças, pelos parques, em modelos modernos de carros, os metrôs e a exposição de telas, as redes sociais que não socializam nada. Não clique, arraste… um vídeo, uma criança faminta, o cachorro resgatado, uma nova canção ou imagens exclusivas de uma guerra qualquer.
E quando chegar ao fim deste texto, diga que não entendeu, fique puto, reclame seus direitos ao autor. Diga que ele estragou o seu domingo.
✨UM POEMA PARA SILVIA
A soma de subtrações divididas e multiplicadas aos quadrados tão círculos. O produto deve explicar a dimensão do amor.
—
PS: esse autor ainda precisa de uma editora para publicar um segundo livro de poesia. Quem puder ajudar, esse autor agradece.
Um beijo desse autor.
—
Lucas Galati
❗OUTRAS EDIÇÕES:
✍️ A newsletter dos Andantes tem o modelo gratuito e o modelo pago. É importante destacar que no modelo pago, você vai contar com textos mais complexos e aprofundados sobre um determinado tema, dicas interessantes das mais diferentes ordens e para todos os estilos. Porém, o que é ainda o mais valioso para o presente autor é o texto em si. Seja a poesia, a crítica, a crônica, o conto…
A principal preocupação será sempre com uma construção textual criativa e inesperada. Costumo enviar uma nova edição da newsletter de 5 em 5 dias. Não deixe de arriscar os seus primeiros passos!
😜Só para lembrar que você pode adquirir o meu livro AQUI!
👀E se quiser me acompanhar nas redes virtuais: