✨Little Willow
🌟(...) novos tratados, velhas esquinas: os reconhecidos da sua própria revolução. (VERDE, VERMELHO E CINZA)
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Caminho melhor, mas ainda sem reconhecer o distanciamento devido. Aliás, questiono e até combato a precisão desta quilometragem freudiana. Como que se estabelece uma divisão justa? Afinal, onde um amor deste tamanho descansa? Se represa? Como ele vence os mandos perversos do tempo que enruga? E mesmo se eu atentar uma falha descrição? Um sinônimo possível? Mas as palavras também são insuficientes: escapam, vazam por fendas minúsculas até secar de vez o sentido prometido. Uma mãe e o seu filho coexistem, sem aniquilações, sem nenhuma perda, são continuares óbvios, solares, magníficos. São extensões reconhecidas pelo melhor poeta, corações que se redobraram pela mesma camada de poeira e que se justificam refletidos em hipóteses planetárias e é um braço livre que acena de forma semelhante, a mancha clara, a mesma ao sudeste da barriga e os olhos, castanhos sólidos, que vieram sem poder mentir.
Iacy significa Lua Cheia. A origem é indígena. Não sei mais detalhes, nunca os busquei. Não quis. Transmito o que me foi passado. Aquele tipo de sabedoria quente e familiar, que não se duvida. Já Lucas, Lucas é luz, luminoso, iluminado. E se me permitirem uma infantil cronologia: ela anoitece para que eu siga com as juntas acesas até descascar o novo dia. Encaro assim. Reafirmo, porém, que ela é quem veio antes, ela que domou a senda. À mim, nenhum premiado protagonismo, somente duas ou três características ferozes e a imensa felicidade em poder ter a missão consciente de continuá-la. Foi quase sempre assim. O meu olhar admirado estendido para cima, em respeito e absorto, embebido em hidratante de baunilha, a mesma marca desde sempre. Era a força delicada, própria dela. Como conseguia? Como consegue? Até hoje, eu embaralho a resposta.
Por mais de duas décadas, encampou a travessia pelos montes revoltosos da loucura. Escolha profissional mesmo. O desejo nascido de cuidar. De olhar por aqueles que o mundo marginaliza desde os primeiros passos. Nunca me permitiu usar “louco” como adjetivo, muito menos explodir um insulto na rabeira de uma hipócrita definição. Era bonito ver o orgulho que sentia. Um salário magro, mas a recompensa se dava no sorriso quando contava, como descrevia um dia no centro de atenção psicossocial. Nunca foi somente labor, era entrega definida, era grandioso e deixava extrapolar, ultrapassar qualquer outro limite. Uma narrativa que a domava, um abraço ensopado de intenção.
Na minha pequenez, quantas vezes eu me escondi, patife, com medo da loucura querer me sufocar? E mesmo com as palavras mornas vindas de uma mãe especialista, muitas vezes, ainda me vejo no mesmo armário imundo. É que eu vim com o peito cheio de neblina. Um corpo montado por metades. E não há nada de exclusivo no meu enredo. Eu sei disso. Nenhuma particularidade acetinada, somente a falta de um equilíbrio que tropeçava as minhas pernas de bambu. Lembro da dor, das dores que eu maldizia, que eu forçava reconhecer no outro. Não via. Não via. A solidão me serviu, assumo. Uma veste exata para qualquer ocasião, até enquanto dividi a mesma chave.
Agora, falo de um dos tantos armários que me abraçam. Sei que já é tarde. Talvez, até cedo demais. Não vejo um palmo. E eu ainda me protejo, mas a liberdade tem o gosto anotado e alguns meses são menos arredios. Agora, nesse meu tamanho aracnídeo, tua figura se reproduz ainda mais frondosa. Frutífera. Fecho os olhos e te escalo e sinto a força da bomba que adormece ao meio do teu peito. A bomba que canta as nossas vidas. O meu melhor silêncio é aquele tomado pelo teu ritmo.
✨ALÔ, ALÔ, MARCIANOS?
Recado aos amantes da poesia! Alguém por aí? Um festival chamado Poesia no Centro ganha a sua primeira edição tão, tão, tão necessária na selva de concreto. A previsão é que ele aconteça entre os dias 16 e 18 de maio em várias livrarias do centro de São Paulo, mas já tem programação para este final de semana. A organização está sendo feita pela livraria Megafauna e um dos eixos da programação tem a curadoria da poetisa Bruna Beber! As mesas contam com gente de peso e, até onde pesquisei, tudo é gratuito. Eu estarei lá e acho que vocês também poderiam estar. O que acham?
E também tem dica boa para quem quiser fazer as malas. Do dia 15 ao dia 18 de maio, acontece a Festa Literária da Mantiqueira, em Santo Antônio do Pinhal, em São Paulo. A pobre alma que, aqui, vos fala estava maluca para ir, porém a locomoção e a falta de companhia se apresentaram. Não dirijo, mas ainda não desisti por completo. Quanto será que custa uma pousadinha de última hora? Vinho e literatura…tem coisa melhor?
✨A ARTE MORA NO ENTRE
Não aguento o discurso hermético do português polido. Lembro o horror que eu sentia de duas primas que tinham orgasmos em corrigir até desconhecidos. Os pais batiam palmas de orgulho e eu batia a cabeça delas em alguma quina irreal e pontiaguda, escolhida pela minha mente inconformada. Por favor! Parem com isso! A literatura não fecunda da correção. O terreno é maleável e espaçoso, a língua apenas amarra os tremores da Ideia. Há dias em que eu arrisco uma navegação pelo aplicativo do Substack e me deparo com as receitas de sucesso de autores altamente procurados. De como fermentar os escritos, a manutenção do ritmo e como as dicas culturais parecem ser inevitáveis na concepção de uma revista eletrônica. Por aqui, valho-me da rebeldia. Afinal, os dias vendáveis são azuis, mas, felizmente, há também os dias cinzas, carregados, chuvosos. As dicas serão dadas, quando achar que eu realmente as tenho. Senão, saberei saborear novas latitudes.
Gosto disso por aqui. Gosto mesmo. Há uma anarquia que espero sempre respeitar. O leitor não pode dizer não haver surpresas, surtos, novos looks. Aliás, quem não foi atrás de algum vestido do Met Gala? Dandismo negro, não é isso? Tive que buscar no Google. Agora e se a gente, sei lá, decidir escolher um tema fatalmente em voga? Vamos supor: extermínio do povo palestino, por exemplo? Hein, Aninha? Milhões e mais milhões para uma causa urgente? E o que será que acontece ali dentro? O menu? O show? As bebidas? Descobri esses dias que são as marcas de grife que compram os convites do baile e só então chamam os famosos para se apossarem dos longos de luxo. Senti que as minhas chances diminuíram…
E do lado de fora do lustre do castelo, o mundo espera pela fumaça do conclave. A mídia inteira à base de rebite para conquistar o sonhado primeiro lugar na transmissão. Nada de melhor reportagem, isso já pouco importa. O mundo segue sendo um moinho. Ilusões e sonhos triturados a pó e cheiradas caprichadas e compulsivas, de hora em hora. O destaque vai para quem se adiantar e soltar um ao vivo no exato momento do estrear da fumaça branca. Esses dias, um susto tomou os jornais internacionais em prontidão. O câmera de um jornal alemão tentava focar a chaminé, quando uma fumaça se intrometeu na lente. O cinegrafista quase desmaiou. Os repórteres se posicionavam desesperados, mas logo perceberam que uma idosa italiana acendia um cigarro longo e ria das olheiras dos amantes da informação. Ela não deixou de arriscar um pai-nosso e saiu de perto, tragando fundo e baforando palavras distantes. Um fotógrafo se inspirou em bater um clique da cena e um poeta resolveu, naquele dia, se matar.
Lucas Galati
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como em toda rede social, agora o substack também está cheio de gente querendo ditar regras...