✨DEIXEI DE SEGUIR O C.W.
Devia dar nome aos bois? Desnê, não? E, olha, que tenho muitos distanciamentos ao meu favor: nenhum amigo de amigo de amigo de amigo meu poderia ser colega de corredor do dito cujo; o cultivo de um espaço virtual totalmente desinteressante para qualquer ator trincado com contrato vitalício com redes de televisão e nenhuma predisposição em ser o mate, o buddy, o amigo fanfarrão de ninguém. Penso bastante sobre isso. Em como que ter algum tipo de fama considerável envolve hoje um respira e solta diário, a imposição maluca do corpo perfeito e veneers calibrados para sair bem na foto.
Debaixo do braço, o script bem estruturado para não cometer gafes e nem incentivar discursos que podem te levar diretamente ao ostracismo ou à lata do lixo. Mesmo assim, há quem não siga os mandamentos e conta fervorosamente com a sorte dos tantos anos de fama. É o suposto caso do nosso amigo C.W., a ficha problemática, ao que tudo indica, é extensa e comprovada por diferentes nomes de peso que desbravam o mesmo metiê. Olha lá, eu fazendo a linha Fabíola Reipert. Só mais duas casas para o lado e a minha língua saia bifurcada como a dela, serpenteando e alongando éssessssssss por parágrafos ou quarteirões afora. Assumo a minha predileção inata pela acidez, bolsas de veneno prontas para um esguicho certeiro na cara dos tantos que me incomodam. Eu também padeço de sincericídio. É isso e um caso que inspira atenções e cuidados. Quando percebo, cada vírgula da minha cara já se contorceu na sequência do comentário inconveniente ou do drama dispensável. Serão poucos segundos até eu me recolher abruptamente, mas saio de fininho para rir em algum canto escuro, enquanto como tragadas de um cigarro insuficiente. Acredito que vim com falhas incorrigíveis no sistema de filtragem e um nível baixo de paciência. Baixíssimo.
E quantas vezes já errei a medida? Ainda mais depois de três baldes de cerveja? A piada sai torta, equivocada e, ainda pautada num assunto jurado até o talo, quase um segredo universal. Ou quando a zoação toma o corpo inteiro de supetão e sai expulsa em formato de fala involuntária, mas cedo demais. Prematura. Verde. O humor é uma defesa traiçoeira.
Mas tantas voltas para dizer que investi numa limpa necessária da minha sala-de-estar virtual. Afastei sofá, varri e tirei muita gente do meu convívio cibernético, algo totalmente desimportante para o mundo seguir girando. Por outro lado, me trouxe algumas gotas a mais que incentivaram uma forçosa felicidade dominical. Foquei a varredura, principalmente, nos blogueiros, pseudo-jornalistas, publicitários, arquitetos, bon-vivants, de fama mediana e que estão sempre dispostos a opinar sobre qualquer assunto polêmico e são considerados gênios por muitos, mas que não conseguem um mergulho mais fundo que se embananam e são obrigados a trazer novamente o discurso para si. São os descolados, os egocêntricos, os leoninos filhos de alguém, os mandachuvas barulhentos e problematicamente vazios que eu não aguentava mais ouvir uma sentença até final.
A depilação foi rápida e praticamente indolor. Estou melhor desde então. Os nomes forneço se eu atingir mais de 600 seguidores…rsrs.
Andantes, o silêncio realmente é uma dádiva. O meu barulho preferido nos últimos meses.
✨NÃO QUERO SER PÓSTUMO!
Eu não conhecia
, atual curadora da FLIP, e ainda não pude investigar mais da sua trajetória. Fui impactado por um vídeo rápido de Instagram, daqueles que a gente encontra quando só falta babar na tela. Uma entrevista para um programa que me parece ser a junção da CBN com o jornal O POVO de Fortaleza. Nesse possível podcast, ela comenta sobre o extermínio provocado pela chegada da Amazon e como ela foi decisiva para destruir com as grandes redes do mercado livreiro, como a Cultura ou a Fnac. Além disso, ela reforça o compromisso da gigante de Bezos em tratar o livro como um objeto de marketing e de não ter qualquer preocupação em fomentar a cultura ou o mercado editorial da qual ela se apropria.Eu repito: não sou nenhum especialista. Somente um adicto pelos livros, pela escrita e alguém que realmente deseja se tornar um escritor full-time. Muitos sabem que publiquei o meu primeiro livro de poesia em 2023. Desde então, fui jogado para dentro deste universo que, infelizmente, cultiva mais problemas do que soluções.
Para compor essa ciranda, já que estamos quase em mês junino, o valor dos livros deve ser considerado como peça central. E, deixo aqui, uma matéria do jornal Nexo que explica bem essa relação e o motivo de preços tão exorbitantes. Notadamente, o valor afasta ainda mais os leitores e fortalece cadeias como a Amazon que encontraram estratégias para, de certa forma, baratear o custo final do livro. Uma delas é o simpático Kindle: um aparelho demoníaco, mas necessário. Agora, seguindo a liderança de Ana, de que forma essa empresa bilionária fortalece o mercado livreiro de onde ela atua? Ela se engaja em eventos literários, programas culturais de determinadas localidades? Ela incentiva novos autores? Cria projetos ou concursos de literatura? De que forma que ela se conecta aos leitores que se apropriam dela?
E se já não fosse suficiente, entra nesse balaio, as problemáticas editoras. Trago o relato de quem vive na pele essa relação inexistente. Ninguém se aproxima das maiores. Ninguém que seja apenas um. Um pobre e lonely autor desconhecido com livro pronto na mochila. Se você tem agente literário, bons contatos, é filho de alguém, talvez, o seu caminho seja mais fácil. Agora, anônimos com desejo de produzir literatura no Brasil estão fadados a encarar uma batalha campal para serem apenas lidos pelos arautos das letras. Note que eu ainda nem usei o verbo tão sonhado: publicar.
Dessa maneira, somos reféns de editoras pequenas. Muitas até produzem um livro bacana, mas não poderão jamais se preocupar com a divulgação da sua obra, em apresentá-la para as pessoas certas, em encontros específicos. Pior de tudo: elas não conseguirão nem, ao menos, colocar o seu livro na prateleira de uma livraria. Sendo assim, publicar uma obra serve apenas para uma satisfação pessoal e ticar um item da lista de desejos antes de morrer. O próximo será plantar uma árvore que, provavelmente, chamará mais atenção do que estrofes ou parágrafos encardidos.
E depois dessa fórmula de extermínio a gente conclui que, certamente, deve render muito mais caprichar numa nova edição de um livro de Clarice Lispector, João Guimarães Rosa, Raquel de Queiróz ou de Crepúsculo do que dar uma chance de estreia a alguém que eles julgam ser sem molho, sem cabelos brancos ou sem mortalhas.
Lucas Galati
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👀E se quiser me acompanhar nas redes virtuais:
é uma tristeza o que acontece no mercado editorial, tanto para quem tenta publicar (tenho um livro parado há anos) quanto para as boas e pequenas redes de livraria, que não conseguem competir com a avalanche que é uma amazon. tento, sempre que possível, comprar na livraria aqui do bairro, porque quero muito que ela continue ali. acho um passeio incrível passar um tempão lá dentro vendo a disposição dos livros nas prateleiras, descobrir novos autores e obras, observar o que outros leitores estão folheando…
ô Lucas, obrigada por espalhar a palavra dos anti bezos. sigamos! beijo