RETROEXPECTATIVA
O Spotify já soltou a sua retrospectiva musical. O marco que define a geração dos conectados e que determina, ao mesmo tempo, que o fim do ano está logo ali.
Se 2023 já foi o ano do Coelho no calendário chinês, agora, por aqui, o ano foi de Rosalía. Podem julgar, mas o Spotify não mente. (Risos espanhóis). Não sei o que acontece nas voltas do meu ouvido. Desde que comecei a navegar, principalmente, pelos últimos dois álbuns: El Mal Querer e Motomami, Rosalía se manteve na primeira posição, destaque absoluto.
Gosto da voz, das letras, dos arranjos. Acho inteligente, estranhamente único. Esquisito, mas deliciosamente complexo. Saboroso. Os clipes são muito interessantes: uma estética contemporânea, abstrata, sedutora. Não sei se me fiz claro sobre os motivos dessa agradável surpresa musical, mas não me alongarei mais. Afinal, não farei dessa edição, um estudo sobre a cantora.
2023 foi um ano difícil por aqui. Gastos altíssimos, o cobertor curto. Muito trabalho, duas guerras acontecendo ao mesmo tempo, uma crise de burnout. Estresse e revolta. Uma gata doente. Longos gritos nas almofadas do sofá. Pouco tempo para o silêncio. Para uma viagem curta. Para uma viagem longa. Medo de envelhecer. Reflexões vivas sobre a morte. E, enfim, ontem pisei nos 35.
Apesar do ano caótico, produzi como nunca. Escrevi demais. Guardei muita coisa. Publiquei outras tantas. Li também em dosagens doentias. Nem sei, ao menos, dizer quantas obras foram. Encontrei, mais uma vez, na literatura um refúgio. Um oásis. A minha maneira de suportar o que eu não entendia, o que doía e me trazia dias inteiros de angústia e ansiedade. Foi esse o repertório que gerou também o meu primeiro livro.
Verde, Vermelho e Cinza foram as três forças que eu encontrei para retomar as minhas rédeas. Uma forma de me manter ativo e pensante enquanto a tempestade arrancava as certezas que eu tinha plantado ao longo de uma vida. Um primeiro livro que me trouxe orgulho e me jogou de vez na literatura e na poesia.
E foi nessa ciranda de três tempos: passado, presente e futuro que eu estipulei objetivos audaciosos, desejos gigantescos, uma vontade sedenta em melhorar, em estudar, em me expor como um jornalista, mas principalmente como um escritor. Era preciso.
Com esse aval dado por mim, eu descanso. Eu aceito a minha verborragia, meu vigor e intensidade na produção. Eu aceito que eu preciso e tenho o que dizer e que as palavras são os meus instrumentos. Meus elixires.
Aos que chegaram até essa newsletter, esse texto ilustra um pouco de um longo processo. Do amadurecimento até poder trabalhar da melhor forma, de me respeitar, respeitar os meus escritos. E o amor que eu carrego pela literatura. Se você chegou até aqui, o meu MUITO OBRIGADO.
Como todo começo, precisei moldar a newsletter, alimentar, entender de que maneira gostaria de escrever e com qual frequência. Realmente não sei se estou fazendo da maneira certa. Se existe uma forma a ser seguida. Um amigo me disse que estou escrevendo demais. Que tem que ser mais espaçado. Estou apenas respeitando os meus ímpetos. Mas faço questão de jogar a pergunta para vocês. Meus leitores. Estou exagerando?
Quero poder começar 2024, alimentando mais o futuro. Sem tanto apego e retornos ao passado. Ter força e verba para investir nos saltos que devem ser dados. Espero contar com vocês nessa ciranda. Nessa RETROEXPECTATIVA.
Só para lembrar que você pode adquirir o meu livro AQUI!
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