Onze por três
RESILIÊNCIA virou uma palavra que me traz fortes e descontrolados tremores.
Ela entra naquela lista de características altamente positivas em qualquer entrevista de emprego e proporções garrafais, se escrita na lousa ou impressa em qualquer cartilha de coaching ou capítulo de livro de auto-ajuda.
Agora, alguém já rascunhou uma linha suave de pensamento sobre os importantes malefícios que essa palavrinha abarca. Essa ideia de adaptação a qualquer custo não me convence já na primeira sílaba. Afinal, há uma inegável quantidade de poeira que vai para debaixo do tapete, quando a gente decide limpar a casa na cadência dessas onze letrinhas.
Nesse momento, saboreando os 20 dias de férias e enfatizando uma agenda dedicada exclusivamente à procrastinação, noto que pude dobrar a RESILIÊNCIA junto como crachá da firma, guardar no fundo da bolsa e explorar o esquecido contrário dela. Um prazer sabidamente efêmero, mas que me encheu de juventude, de rebeldia e me trouxe um sossego esquisito em estar inteiramente comigo.
Sem qualquer resiliência, tive tempo de (não) me suportar, de odiar a força da máquina que atravessa mortífera os meus dias assalariados e notívagos, soube deixar a casualidade e cumprir o contrato firmado com a minha existência, tão violentamente atropelada. Não precisei dar conta, não colecionei compromissos inadiáveis, não dei qualquer certeza. Nesse período de férias, não tenho priorizado adaptação alguma, fui inteiro e enlouquecidamente egoísta. Obrigatoriamente meu.
Tamanha predisposição serviu de alimento para repensar o futuro, vislumbrar novos rumos de carreira e saborear um inusitado oceano de ideias. Aquecer novamente os motores e disparar pela beleza que existe no movimento. Voltei a errar os caminhos, tive tempo de abrir uma cerveja geladinha e namorar a cidade, relembrando o tanto que ela me possibilita, o quanto ela me instiga. E que se não há uma resposta certa, quero poder explorar todas. Sem algemas, sem horários, sem anulações.
Amanhã parto numa viagem de uma semana que está sendo encarada como a minha cereja do bolo. Abrir o vidro do carro, acender um cigarro e deixar a estrada me roubar num abraço egoísta e finalmente bem-vindo.
Volto em breve, andantes…
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gastamos demais a tal resiliência, a ponto de ela não dizer nada mais…