Minha loucura não será laranja!
✍️ A newsletter dos Andantes tem o modelo gratuito e o modelo pago. É importante destacar que no modelo pago, você vai contar com dicas bacanas das mais diferentes ordens e para todos os estilos, mas que ainda o que é o mais valioso, para o presente autor, é o texto em si. Seja a poesia, a crônica, o conto… A principal preocupação será sempre a construção textual e literária. Costumo enviar uma nova edição da newsletter de 5 em 5 dias. Não deixa de arriscar os seus passos nessa andança!
E o princípio é acessível. Uma analogia que não mergulha em nenhum poço assombrado e nem se aventura nas borbulhas de um banho termal aquecido pelos pontos de inferno do meu contrário. É bem assim… bastou pegar a faca e dividir uma laranja ao meio. É de uma metade mais robusta que grita uma inteireza ainda medrosa, um rastro de eficiência, de investimento claro em atitudes profícuas e salutares ao meu compromisso com a criatividade. E nem encontraria contra-argumentos. Afinal, bastou abrir os olhos para que as possibilidades saltem ululantes para dentro da minha mente ainda sonolenta. Quantos começos adormecem no móvel ao lado da cama?
É por essa metade mais suculenta e visceral que eu costumo arriscar um brinde. E também pela minha Lua em Leão que não permite que eu esmoreça com facilidade. E olha que os dias têm sido bem desafiadores, quase intransponíveis pelo excesso de nuvens! No entanto, as minhas obrigações que envolvem a escrita nunca se mostraram tão definitivas. E se essa metade me basta? Quase nunca.
A outra parte da laranja: sem suco, rala e enfraquecida também se mantém estável nas poucas gotas que habitam os molhados do seu interior. É a metade azeda que eu mordo e, instantaneamente, faz eu desconfiar dessa navegação compromissada pelas palavras e me debater com a culpa que encarcera os freios da minha espinha e estampa o currículo envergonhado, sem um diploma de mestrado concluído. É a metade que me ofusca o horizonte e confunde as direções até o meu chalé idealizado no interior ou apaga uma sonhada nova chance de ir embora de vez do Brasil. A metade prejudicada que me paralisa num instável ostracismo que quase nunca me convence por completo, mas que acaba descontado nas renovadas barreiras espinhosas das minhas primaveras, no julgo de uma inexistente falta de sorte, nos antigos e nos novos medos ou em qualquer outra desculpa que arraste um sonho em direção às correntezas do esquecimento.
E realmente não sei se todos cultivam essas duas metades, se tem gente que só reconhece o bagaço ou ainda aqueles que trabalham apenas com uma laranja inteira. Nos últimos anos, eu alimento essa suposta dualidade que nem sempre cai bem no estômago. E do alto dos meus privilégios inegáveis, reconheço cada vez mais o peso das minhas escolhas que, quase sempre, não foram as melhores. Foram as possíveis numa determinada conjuntura. Ao mesmo tempo, é exaustivo perceber a facilidade com que muitos percebem o caminho. Pessoas que fizeram opções idênticas, mas ao final da receita, ingredientes inesperados e adicionados nos últimos segundos produzem um resultado totalmente outro.
Talvez, a aflição nem esteja na metade apodrecida dessa minha laranja dividida, mas no tempo que me vence. Ou no tempo que eu acho que me vence. É que o mundo continua girando e eu ainda tenho tantos países para conhecer. E, como já disse, eu ainda acredito num amor ensopado e verdadeiro até as últimas consequências. E a minha rotina me impede de acabar os livros da estante. E há um desejo tímido e mal explorado em me tornar um acadêmico. E se será numa quinta ou numa segunda-feira que estarei pronto para dar cabo do primeiro parágrafo do meu romance. E não querer distrações que me tirem do meu objetivo, seja ele qual for. Ou, quem sabe, aceitar observar todas as distrações já criadas e roubar os núcleos de cada uma, só até eu saber brincar divinal com os corredores do tempo. E que eu possa, inocentemente, me aventurar pelas estradas que sempre me chamaram. Quem sabe ainda jogar tudo para o alto e entrar num ônibus e chegar até a menor estação do menor município brasileiro e perceber que, ali, as pessoas são gigantes. E eu decidir relatar a minha experiência num jornalismo vivo, crível, empírico e finalmente ser lido ou ouvido com atenção por pessoas que ainda cultivam a esperança acesa no meio do peito e não suportam mais os relatos de sangue. E que essas pessoas, involuntariamente, decidirão compartilhar o episódio num movimento que vai alterar de vez a minha extrema desconfiança e definir como razão, a completa e resiliente loucura.
Que, definitivamente, não será laranja…
Lucas Galati
🎒ANDANÇAS:
Assistir para ontem o filme GRANDE SERTÃO do diretor Guel Arraes. Achei a releitura GENIAL!
Ouvir o último álbum do Pedro Altério sugerido pela minha amada prima: DE CARA LIMPA
Estou às voltas de novo com Truman Capote. Acho tudo sobre ele simplesmente fantástico. Dessa forma, deixo a sugestão do livro dele chamado: A SANGUE FRIO
E duas partes que encontrei no Youtube de uma entrevista bem bacana com ele num talk show americano, onde o escritor fala sobre o livro e o crime. PARTE 1 PARTE 2
Sigo absorvido pelo novo álbum da cantor Billie Eilish, principalmente na música Skynny
Eu sei que não é todo mundo que vai ter acesso, mas aqui vai uma reportagem sobre o currículo sanguinário do secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, publicado pela Piauí na edição passada. Muito bom!
Terminei Outubro de Carne Estranha do Airton Souza, que ganhou o Prêmio Sesc de 2023. Não amei o livro, mas acho que vale uma indicação.
Uma lista de 7 livros LGBTQIAPN+ que a Companhia das Letras divulgou no Instagram:
É isso, for now! Pessoal, lembrando para todos que este será mais ou menos o modelo que vou desenvolver para os assinantes pagos. Com a chance de estabelecermos comunicação por aqui:
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Ou as mensagens que vocês sempre mandam no post mesmo… Espero que vocês gostem! E em breve, terei novidades, mas que não posso contar ainda!
Um beijo e um cheiro para vocês, andantes!
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👀E se quiser me acompanhar nas redes virtuais:
a metade quase nunca basta; há que ser inteiro.