I SEE DEAD PEOPLE!
And the Oscar goes to…
Ou para não perder o clima olímpico, a honra de entregar, ou melhor, distribuir medalhas de ouro para atuações invejáveis. Uma profusão alucinante de emoções meticulosamente usadas em momentos precisos e que servem de combustão para alimentar um desejo incipiente. Aos desavisados — assim como eu, resta se perder encantado como um invertebrado atrás da fonte de luz.
E nesse momento, com a culpa adormecida em formato de conchinha, você apela para o zodíaco. É o ascendente em Leão ou a Lua em Capricórnio, Aquário está fora de cogitação, mas e Gêmeos? Ou, envergonhado, solta uma mentirinha numa roda de colegas do trabalho: eu sempre soube! Mas eu estava frágil. Estava frio demais. Não aguentava mais dar bitocas na solidão. Não esqueça de emendar com um: mas não me arrependo de nada! Clássico e com um drink ao lado provoca efeitos dinâmicos…
Para além de amargar qualquer espécie nova de arrependimento, a biologia esconde os seus padrões. E se o mimetismo aquece as suas papilas gustativas, não se projete como aquele a ser varrido pela seleção natural. Centenas caíram no mesmo golpe, sorriram com as mesmas promessas bufantes e renovaram o armário na esperança de um segundo encontro.
Agora, hei de concordar que a apoteose se tornou um modo de operação. Um currículo extenso numa plasticidade estética impressionante e que faz a plateia ir rapidamente à loucura. E com direito a juramento e lágrimas, se for preciso. E a persona é montada pelos mais criativos motivos: insegurança, segurança demais, indisponibilidade, preguiça ou até por diversão. Nesse terreno, o que você menos desbrava é a pessoa em si. Pronto! Uma versão contemporânea de Sexto Sentido, ou Os Outros. Buuu! Ninguém estava ali. Todo mundo dead da silva esse tempo todo.
Por outro lado, são por essas estranhas silhuetas que, inevitavelmente, assombrarão o seu caminho que você entende a dimensão da tua verdade. Brega? A little! No entanto, não posso ser mais contundente. Ter batido palmas e me emocionado pelo teatro alheio tantas vezes, também me fez valorizar e cavucar os meios da minha existência e o quanto de verdade eu ainda disponho. O quanto que eu a priorizo. E se eu já vaguei por aí, sendo apenas sombra? Sugando realidades para usar ao meu bel-prazer.
E se eu, nesse texto, crucifiquei o teatro, peço todas as desculpas. Precisei dele para expressar a quantidade de roteiros enfadonhos que passeiam livres pelo mundo. Estou com altos níveis de irritação e, segundo a minha terapeuta, eu nunca sei trabalhar com a minha raiva. Talvez, um texto virtual seja uma forma de lidar com ela. Afinal, ele, logo mais, desaparece… como vulto, como sombra.
Lucas Galati
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melhor canalizar a raiva num texto do que perdendo o réu primário… 😅